Em 21 de Junho celebramos – pela primeira vez – o Dia do Orgulho Freak. Durante a semana, mas principalmente no dia 21, as redes sociais foram invadidas pelas hashtags #diaDoOrgulhoFreak e #OrgulhoFreak. Fotografias, vídeos, desenhos, escritas falavam sobre as especifidades da comunidade da modificação corporal e dos usos que fazemos com os nossos corpos. Algumas publicações falavam sobre autoestima enquanto outras denunciavam discriminações e pediam por respeito.
Foram atos políticos, das especifidades das políticas dos corpos marginalizados e como já dizia Barbara Kruger no final dos anos 80: “o seu corpo é um campo de batalha“. Tenha sempre isso em mente.
Além das ações digitais, encontros foram realizados para que as pessoas freaks pudessem passar juntas o dia delas e criado por elas. Existe uma potencialização da vida quando há o encontro desses corpos. Há de se dizer que são pessoas que se espalham por bairros, cidades e Estados diferentes, o que dificulta os encontros constantes. Fazemos parte de uma minoria dentro das minorias. No entanto, comparando com décadas atrás, hoje somos uma multidão freak. Somos uma multidão de corpos e subjetividades esquisitas.
Em Buenos Aires, Argentina, tivemos um encontro do Dia do Orgulho Freak organizado por La Negra, aproximando pessoas da Argentina, Uruguai e Brasil.
Em São Paulo, capital, o encontro do Dia do Orgulho Freak foi organizado pelo FRRRKguys e aconteceu no vão do MASP. Sobre nossas cabeças o Museu. Sob os nossos pés ainda o Museu. Dentro do museu as artes que são consideradas as verdadeiras obras de artes. Fora do museu, nos cantos escuros, nas brechas, os corpos que são chamados de obras de artes por uns e apedrejados por outros, ocupando o lugar de fora, o não lugar, mas que naquele momento no tempo era o nosso lugar legitimado e abençoado por nossas estranhezas singulares.
O encontro acolheu uma pequena exposição de arte dos trabalhos do artista Tiago Delira. Também houve espaço para prestarmos homenagens póstumas para freaks que recentemente nos deixaram. Um dos quadros feito por Delira era uma homenagem ao casal Douglas Alcântara e Henry Oliveira, que morreram em fevereiro deste ano. Próximo do quadro velas foram acendidas e acompanhadas de palavras – tais quais pequenas preces – de saudade e amor, que ultrapassa o plano físico. O body piercer Matheus Mussolin, assassinado em 2018, também foi homenageado.
O movimento freaks contra o fascismo também marcou presença no encontro. Reforçando a importância da celebração do Dia Do Orgulho Freak em uma conjuntura política obscurantista e que tem atacado constantemente as liberdades individuais e diversidades. Inclusive atacando fortemente também o direito ao próprio corpo.
Na foto oficial que marcaria o fim do encontro de 2019 ocupamos uma faixa da Av. Paulista. Tínhamos 20 segundos entre o abrir e fechar do semáforo. Quase o tempo de um piscar de olhos acompanhado de um suspiro mais profundo. Os transeuntes não entendiam o que estavam acontecendo. Nós sentíamos o que estávamos vivendo. Entre fotos, abraços e afagos encerraríamos o que seria a primeira celebração. Glorificadas sejam as nossas vidas e existências estranhas. O gosto que ficou é o de quero mais. Dois mil e vinte que nos aguarde. Feliz dia do orgulho freak!
Abaixo você pode ver mais fotos do evento. Todas as fotografias abaixo foram realizadas por Leonardo Waintrub.
[nggallery id=273]
1 thoughts on “Sobre celebrar o Dia do Orgulho Freak”
Os comentários estão fechados.