Notas sobre a bandeira do orgulho freak

T. Angel segura a bandeira do Orgulho Freak. Foto: FRRRKguys

Como estamos anunciando há um tempo, dia 21 de Junho será comemorado – pela primeira vez no Brasil – o Dia do Orgulho Freak. CLICANDO AQUI você pode saber como surgiu a ideia e qual a necessidade de termos um dia para celebrar as nossas esquisitas existências. Essa parte explicamos bem.

O que faltou explicar e tivemos muitas pessoas curiosas para saber sobre os significados da bandeira. Então, pegue o seu café, senta aí e confira!

O ponto de partida foi em criar uma bandeira que fosse de algum modo esquisita, como não poderia deixar de ser. A escolha das cores teve essa intenção, misturando o laranja, com o verde limão e um rosa extravagante. São cores bastante vibrantes e que comunicam o que no Manifesto Freak (2015) foi chamado de excesso, distúrbio no status quo e policromias barulhentas. Tudo é uma analogia aos efeitos que o corpo freak causa na sociedade. Vibração! Ruídos!

As cores também podem nos fazer pensar em uma trip de ácido ou em uma alucinação de desenho animado. Recordamos de alguns desenhos animados antigos que tinham os olhos de personagens super coloridos (com cores esquisitas) quando estavam em algum tipo de estado alternado de consciência. Essa memória nos apareceu quando rabiscávamos a bandeira e voilà.

As cores tratam também dos diferentes estados que o corpo modificado – e acreditamos que a consciência faça parte do corpo – passa de procedimento para procedimento, experiência para experiência e de técnica para técnica… Quando modificamos os nossos corpos, modificamos também algo dentro de nós. E que cada pessoa sente de uma forma diferente e única.

E por fim existe a sobreposição do triangulo invertido. O símbolo carrega dois significados:

1) A ideia da inversão. Se analisarmos o significado da palavra dentro dos estudos da anatomia, encontramos que inversão é uma anomalia, aquilo que está fora da posição normal. Nós, pessoas freaks, recusamos a caixa da normatividade. E mais uma vez citando o Manifesto Freak, “nós queremos dançar ao som da destruição da normatividade compulsória”.

2) O triangulo rosa invertido foi usado para marcação de pessoas homossexuais nos campos de concentração nazistas. Ao fim da guerra e com o passar do tempo, o símbolo foi ressignificado e passou a comunicar resistência. Nosso triangulo invertido com três cores esquisitas, busca representar a nossa resistência em particular. E principalmente agora, no Brasil reacionário e autoritário de 2019, se assumir enquanto dissidência é ao mesmo – e o tempo todo – espirar resistência.

O grande resumo fica sendo: é uma bandeira esquisita para agraciar o dia do orgulho das pessoas esquisitas. É um carinho. E é talvez assim que a gente gostaria mais que ela fosse entendida e lembrada. Um carinho para as pessoas esquisitas em um tempo em que o ódio contra toda e qualquer diferença está posto. Aqui não há lugar para o ódio e é disso que a bandeira em sua totalidade – trata!

E se você estiver com dúvida do que fazer no dia, como colaborar, como participar, explicamos e sugerimos algumas atividades AQUI. Inclusive lembrando, se você vive ou está por São Paulo, faremos um encontro no vão do MASP.

Se envolva e participe!

Evento de São Paulo:
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