Magoo é um artista brasileiro que tem uma história de vida e profissional muito próxima da tatuagem e outras técnicas de modificação do corpo. Em 2009, fizemos uma entrevista com o artista, na ocasião celebrando seus 15 anos de carreira. Você pode CLICAR AQUI para ler o material.
Dessa vez retornamos para falar sobre o sentimento que tem movimentado o Magoo ao longo de todos esses anos: seu amor pelas artes e pela tatuagem. Em sua conta no Instagram (@magoofx), o artista divulgou hoje um desenho que ele produziu em 1992 e uma versão atualizada de 2020. Em suas palavras:
“Desde bem pequeno eu me Interessava em ter tatuagens, lembro de ver pessoas tatuadas em filmes, nos videoclipes das bandas, aquilo me fascinava e tinha a certeza que quando eu pudesse, eu teria as minhas tattoos, que demoraram a chegar e vieram só quando fiz 18 anos. Bom na verdade isso é outra história. risos
Em 1992 eu comprei minha primeira revista de tatuagem, importada. Era bem difícil achar essas revistas no Brasil naquela época e eu ia até o centro de São Paulo pra comprá-las. Por um bom tempo eu desenhei vários personagens bastante tatuados, baseado nas revistas que eu tinha, mas a maioria desses desenhos se perderam no passar dos anos.
Tempo atrás eu encontrei um desses desenhos, meu preferido da época, esse palhaço sendo tatuado. risos
Vendo esse desenho tive a ideia de refazê-lo com minha experiência atual. Apesar de ser bem diferente tentei manter a mesma ideia de posição dos personagens pra ter uma relação de comparação entre os dois. Foi muito legal esse momento de refazer algo de quando eu era tão jovem, cheio de ideias e sonhos sobre viver de arte e fazendo esse desenho e olhando pra trás revivi todos esses momentos em que sonhei em um dia ser um artista e fazer da minha arte um sustento.
Não é nada fácil, é bem difícil, aliás, mas me dá muito orgulho lembrar que aquele garoto rockeiro, fascinado por tatuagens, graffiti e rock não desistiu dos seus sonhos e continua sonhando.”
É maravilhoso ver que o tempo passa, as técnicas mudam, as tecnologias se aprimoram e alguns sentimentos dentro de nós permanecem vivos e pulsantes.
Para nós que ouvimos tantas e incontáveis vezes que nossas relações com as modificações corporais seriam “apenas uma fase” (sic) ou aqueles textos que buscavam implantar um terror sobre o inevitável arrependimento que teríamos no futuro, ler o depoimento de Magoo alcança um lugar bem profundo e especial. Nós estamos mostrando que vencemos o senso comum e todos os clichês normativos que quiseram nos encaixotar e aprisionar. Como o próprio artista diz, não é fácil mas é possível.