O espetáculo de dança contemporânea Erosão é resultado de uma investigação
sobre alguns aspectos que estão tradicionalmente presentes na dança cênica.
Entre eles, a criação de uma idéia de beleza que se relaciona, por exemplo, com a
precisão dos movimentos de um bailarino e com a contemplação desse corpo que
dança.
A revisão da história da dança e das coreografias de outros artistas em diferentes
épocas levou a um olhar sobre o processo de erosão da dança no decorrer dos
tempos, e o impacto das transformações culturais nesse processo.
A movimentação do solo de dança de Robson Ferraz em Erosão busca recriar
algumas dessas mudanças. A coreografia remete aos valores mais tradicionais
da dança cênica (e também da própria arte), mas desloca essa herança dos seus
contextos de origem, inserindo-a em novas composições cênicas e buscando
outras possíveis significações.
No decorrer desse processo de criação, uma inquietação foi essencial: como
esse deslocamento poderia dialogar com aspectos singulares de nosso momento
atual?
A resposta está nos diversos convidados que aparecem em cena. Alguns são
bailarinos, outros não. Alguns estão ligados à arte, outros nem haviam pisado em
um palco.
Eles integram a solidão deste homem que dança, provocando uma dissociação
dos contextos originais em que essa dança ocorria. O âmbito intimista do solo
de dança ganha contornos coletivos. E o público poderá, talvez, se ver refletido
naquelas pessoas em cena, ou reconhecer nelas alguém que faz parte das suas
próprias vidas.
Erosão seria então um exercício de criar uma paisagem para um solo de dança.
Uma paisagem complexa e bela, como a proposição de tornar público e coletivo o
ato de ver, sentir e pensar.
Esse espetáculo é o segundo trabalho – depois da instalação multimídia Pistilo
em 2011 – da parceria entre os artistas Robson Ferraz e Andreia Yonashiro.
Robson vem de uma trajetória de indagações e criações que colocam em cheque
as questões de gênero presentes na dança e buscam um olhar critico sobre os
valores sociais relativos às esferas íntima e coletiva. Já Andreia desenvolve um
projeto de investigar as heranças culturais e históricas da dança cênica de um
ponto de vista ao mesmo tempo sociológico e técnico (inspirado nas idéias de
Hannah Arendt e Walter Benjamim).
Erosão foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2011.
Galeria Olido (sala Paissandú)
04 a 06 de outubro de 2012 – 20h
07 de outubro de 2012 – 19h
Endereço: Avenida São João, 473 – Centro – São Paulo / SP / (11) 3331
8399 / (11) 3397 0171 www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/
galeria_olido/
Duração: 50 minutos. Lotação: 136 lugares. Recomendação etária: 14
anos
Ingressos: entrada franca (os ingressos podem ser retirados a partir de uma
hora antes do início do espetáculo)