E nem a suspensão corporal escapou…

486213_437750879641567_1153236643_n(Foto: The SINNER team)

Escrevi e deletei esse pequeno artigo algumas dezenas de vezes. Pensei em escrever um texto longo falando sobre todo o olhar conservador que tem repousado sobre a suspensão corporal pelas próprias pessoas que se suspendem ou são profissionais que suspendem outras pessoas. Em suma, é um discurso higienista, normativo e que se aproxima bastante daquela fala que tem sido feita sobre as modificações corporais. Por fim, optei em escrever poucas linhas, quase que como um espirro de ideia de alguém que anda com muita fadiga do que tem visto. A situação atual é tão absurda que até o sangramento do corpo suspenso não é visto com bons olhos e é meticulosamente controlado e ocultado.

O que tenho percebido é que a noção de uma suspensão bonita e bem feita é aquela em que o corpo é colocado uma posição elegante, com muitas amarrações inovadoras e sem uma gota de sangue aparente. Veja bem, é lindo que alcançamos novas posições, que aprendemos a amarrar o corpo de tantas maneiras, mas querer fazer dessa a única possibilidade me parece algo ruim e limitador. Ruim, principalmente pela parte em que pessoas que escolhem não trabalhar dessa maneira são perseguidas e bombardeadas, num jogo medíocre de certo e errado.

Antes de me adiantar, é preciso lembrar que a suspensão corporal existe há um tempo (tanto que não sabemos quanto com exatidão) e, sendo assim, ela não é propriedade – seja intelectual ou privada – de uma única pessoa específica. Então, parem de agir como se fosse.

Para já terminar, na semana passada o profissional russo Stanislav Aksenov do The SINNER team fez um pequeno desabafo em seu Facebook. No texto ele dava uma pequena explicação pelo seu sumiço virtual e denunciava que a “suspension society” disse muita coisa ruim sobre o trabalho dele (sobre a suspensão em queda livre, por exemplo) no ano passado e que com isso, ele não estaria mais postando nada em nenhum grupo e tão pouco participando de associações, alianças, indústria, dinheiro, suscons e afins. Ele pretende seguir com seu trabalho de modo bastante independente.

Quando li aquelas palavras, tudo que pude fazer é lamentar e compartilhar do mesmo sentimento. Sinto exatamente da mesma forma que Stanislav e honestamente não sei se tenho muito mais a dizer ou fazer. Tenho a profunda sensação que todo mundo esqueceu o que viu, viveu e leu – por exemplo, no BMEzine – e já disse isso em outras situações, se Shannon Larratt fosse fundar o BME hoje ele no mínimo teria sido perseguido e preso pela própria comunidade body mods. Andamos para trás e nem a suspensão corporal escapou.

Para terminar deixamos o link do último vídeo postado pelo The SINNER team, e com ele lançando o desejo de que possamos a aprender saltar livres. Como diria Criolo, “ainda há tempo”.

Kachi, Free Fall Suspensions 2014 from Stanislav Aksenov on Vimeo.

SINNER team
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Basejump.EE

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Free fall suspensions in Crimea, nov-dec 2014.

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