Cobertura Palco Arte Corporal na Virada Cultural 2012

Fotos: Carlos Iritsu / Divulgação

Afirmamos sem medo de errar que vivenciamos a melhor edição do Palco da Arte Corporal na Virada Cultural. Obviamente que as outras duas edições foram importantes e tiveram ótimos trabalhos, mas nada como este ano.

O palco ficou localizado na Rua 24 de Maio, ponto clássico da cultura underground paulista, ao lado da Galeria do Rock. Próximo também de grandes centros culturais, como a Galeria Olido e o Teatro Municipal de São Paulo.  Centenas e centenas de pessoas passaram para espiar o que acontecia naquele espaço. Corpos que rastejavam ao solo e outros que pareciam alcançar a lua e, falando nela, a noite tipicamente gelada de outono foi iluminada por uma belíssima lua.

Para nossa felicidade foi possível filmar algumas atrações e ações que aconteceram nas ininterruptas 24 horas, sendo assim, quando possível iremos escrever algumas linhas sobre determinado trabalho e na sequência já deixamos o link do vídeo. Alguns vídeos sabemos que estão sendo editados, então quando eles estiverem prontos incluiremos aqui nesse artigo mesmo.

A abertura da Virada ficou aos cuidados do artista e sonoplasta uruguaio Jorge Peña e seus gongos sagrados. Na sequência sendo acompanhado por uma intensa e poética suspensão do piercer Morpheus.

O palco também era preenchido por muito música. Diversos dj’s passaram por lá, colocando multidões para dançar. As apresentações dos dj’s eram quase sempre acompanhadas por uma demonstração de suspensão corporal. Alguns fazendo pela primeira vez e outros testando novas possibilidades.

A performer multimídia San Mascarenhas – acompanhada de T. Angel – chega com muita sutileza com o “1º Solo “corposentido” e o “2º Solo “e. X. P. A. N. D. E. as Fronteyras”. A artista flutuava, declamava poesia e compartilhava beleza no ar, assim como os seres elementares costumam fazer. Nesse momento a lua parecia ter ficado maior ou fomos nós que encolhemos.

As crianças malvadas também marcaram presença no palco. O trabalho “O Arlequim e a criança” de Heitor Werneck e, que contou com a participação de Dark Freak e Priscilla Garcia, levou graça, “terror” e beleza para a noite. O público adorou e vibrou muito!

Mais um trabalho multimídia chegava na área, dessa vez era o “Tudo que é sólido desmancha no ar” que teve como performer Enzo Sato. O trabalho foi criado por T. Angel em parceria com o Sétimo Andar de Gabriel Netto e Luciana Ramin.

Imagens belíssimas e sensações bastante intensas.

O Dj Chapeleta colocou os ânimos do público lá no alto com um set definitivamente incrível. O problema foi conter esse público quando o set acabou. A situação foi meio assustadora de fato. Um erro não justifica o outro, mas a Virada Cultural falhou ao não colocar no folder impresso de divulgação as atrações do palco, colocaram apenas “arte corporal” e fim. Se teria música, se seria merengue ou heavy metal ficaria para o público descobrir. Parte dessa confusão sem dúvida alguma é oriunda dessa falha, mas não justifica a violência e agressividade de algumas pessoas. Nada justifica.

A performance “O Bixo” da artista Adriane Gomes começava bem nesse momento de tensão. Com muita força e coragem a artista enfrentou toda essa onda estranha de energia e se manteve firme em seu propósito. Foi uma ação longa, iniciada as 4 horas da manhã e terminou apenas por volta das 8 horas, num verdadeiro sonho-real. Enquanto a artista saia do “casulo”, frutas e flores eram entregues ao público, fadas ganhavam os ares do palco e tudo parecia fantástico!

Era umas 5:30 da manhã quando subia – e saia – ao palco o T. Angel com a “Supernova” acompanhado de uma forte batucada de Jorge Peña. A transição da noite para o dia acontecia nesse momento e como em um parque de crianças era possível ver pessoas em balanços, enquanto alguns caminhavam com flores e sorrisos, outros faziam bolas de sabão e a vida seguia.

Infelizmente o performer Julio Razec não pode estar presente por motivos de força maior. Enviamos as nossas condolências a esse artista que admiramos e respeitamos tanto.

Por volta das 11 horas, o palco era tomado pelo “6” de Marcelo D’Avilla, que inclusive já entrevistamos por aqui. Performance com uma base forte na dança e que encantava e despertava enorme curiosidade em todos. A figura monstruosa aos poucos foi ganhando forma e os nossos olhos pediam por mais!


Alguns poetas escreveram que “as rosas não falam”, nessa virada cultural elas não falaram: gritaram!

O artista Mirs trouxe uma performance que não nos deixa mentir.

Na sequência foi a vez de “O Outro em mim” da performer Marília Del Vecchio, discutindo os limites do corpo, da roupa e da fisicalidade do ser.

A roupa costurada em sua própria pele enfrentava os puxões e um descosturar entre pele e tecido enquanto a artista dançava ao seu limite.

Encerrando as 24 horas, era chegada a hora do trabalho final, “O peso do cinza e as memórias de nós”.

O trabalho foi concebido por T. Angel e contou com a participação de 12 performers e do sonoplasta Jorge Peña.

Os performers Alexandre Anami, Maria Sudo, Fernando Skull, Chibbi Naira, Pink, Fancy Guy, Dark Freak, Enzo Sato, Pedrim Moicano, Gabriela Meerr, Carlos Lee, Doug Freak,  que passaram por dias de reuniões e encontros, deram o máximo de si e causaram grande comoção no publico presente.

Por fim, a jornada acabava e a sensação era de gratidão por tantas vivências edificantes e cada detalhe muito especial e inesquecível.

Espero que vocês possam conferir os vídeos e algumas fotos abaixo.

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