Bianca Gattoni: um pouco da história do body piercing nacional

Fotos: arquivo pessoal Bianca Gattoni

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As mulheres sempre tiveram seu lugar na história do body piercing nacional. Talvez em menor número, quando comparamos com a quantidade de homens perfuradores, mas com presença sempre marcante. Alguns nomes de profissionais ouvimos com bastante frequência, a exemplo o de Andre Meyer e Zuba, reconhecidos como os primeiros a atuarem profissional no campo. Mas é importante termos em mente que  esta é uma história cheia de personagens.
Bianca Gattoni é uma das pessoas que faz parte desse começo de história do body piercing no Brasil. Vem atuando como perfuradora profissional nos últimos 16 anos na cidade de São Paulo. Atualmente está atendendo no Soul Tattoo, onde cuida do piercing e microdermal.
Fizemos uma entrevista exclusiva com essa exímia profissional e compartilhamos aqui com todos vocês.

 

T. Angel: Você está atuando no piercing desde 1997, correto?
Bianca Gattoni: Isso mesmo, desde 97.

 

T. Angel: Como se deu o seu processo de formação para atuar na área?
Bianca Gattoni: Comecei nessa época visitando estúdios e observando os profissionais fazendo as aplicações, pesquisando alguns livros importados, e praticando nos amigos. Na época não me lembro de existir um curso especifico ou não tinha informação disso, mas foi realmente aos poucos, errando, acertando e praticando.

bibi1(Bianca aplicando piercing em 1998)

 

T. Angel: Sabemos que você trabalhou muitos anos ao lado do Andre Meyer, pioneiro no piercing no Brasil, o que você poderia nos contar sobre essa experiência?
Bianca Gattoni: Comecei a trabalhar com o Andre em 2001 e foi um grande upgrade profissional, por seu o maior estúdio e voltado exclusivamente para essa prática, tive a oportunidade de aprender muito sobre joias e técnicas, além de estar ao lado de grandes profissionais da área e saciar a sede de saber mais. Foram 8 anos em contato direto com piercers especialistas do Brasil e de várias partes de mundo. E o Andre é muito querido, me ajudou muito e sempre acreditou no meu trabalho.

bibi3(Bianca com os Kamikazes na Galeria Ouro Fino, 2002)

 

T. Angel: Você já sentiu algum tipo de preconceito ou machismo por ser body piercer e mulher?
Bianca Gattoni: Eu sempre fui extremamente profissional no atendimento dos meus clientes, e mesmo que a pessoa tivesse alguma dúvida na questão de ser uma mulher piercer (já ouvi uma vez uma cliente me perguntar se eu teria força suficiente pra fazer a perfuração! risos), faço questão de deixar claro minha capacidade profissional. Na verdade, na maior parte das vezes acredito que o fato de ser mulher favoreceu minha escolha como profissional por parte dos clientes, por ser mais delicada, fazer perfurações íntimas, enfim, acho que eu inspiro certa confiança. rs

 

T. Angel: Quais as principais mudanças que você enxerga no campo do piercing, da década de 90 para o momento atual?
Bianca Gattoni: A década de 90 foi a época do boom do piercing, atendíamos dezenas de pessoas todos os dias, havia fila na porta do estúdio. Depois de 2005, 2006 a procura foi diminuindo, o que era uma novidade foi ficando comum, muitas pessoas resolveram começar a aplicar piercing pois parecia uma atividade que trazia um retorno de dinheiro fácil, então acabou sendo banalizado. A entrada de joias baratas no mercado contribuiu para a queda da qualidade do material e fechamento de grandes e renomados fabricantes de joias. Acho que foi toda uma serie de fatores. Ainda há procura hoje, apesar de menor, mas muita gente infelizmente se ilude buscando preço ao invés de qualidade, sem se preocupar com a saúde e acabamos por nos deparar com perfurações malfeitas que acabam por denegrir a imagem do piercing diante da sociedade.

 

T. Angel: Qual a sua posição sobre a existência de associações e sindicatos para tatuadores e piercers?
Bianca Gattoni: Acho ótimo podermos contar com pessoas que defendem os interesses dos profissionais dessas áreas, e sempre lutam por desmarginalizar a imagem da body art além de oferecer suporte para quem já está atuando ou quer começar na profissão.

 

T. Angel: Como você vê o espaço para o piercing dentro de convenções de tatuagem? Você participa de eventos do tipo?
Bianca Gattoni: O piercing sempre foi tratado como uma atividade secundária dentro de estúdios de tatuagem e o mesmo acontece nas convenções. Acho interessante, apesar de não participar atualmente de eventos assim, que os profissionais mostrem seus trabalhos nas convenções, mas principalmente para os fornecedores de joias e instrumentos é uma boa oportunidade de negócios.

 

T. Angel: Quais as principais dificuldades da profissão em sua opinião?
Bianca Gattoni: Fora afinanceira… risos Acredito que seja quando seu cliente liga dizendo que está com problema no piercing e você pergunta o que ele tem feito para cuidar e quando ele responde você constata que a pessoa está fazendo tudo totalmente diferente do que você recomendou. risos
Ossos do oficio. Fora alguns clientes que você gostaria de pendurar pelo brinco da orelha, e brincadeiras à parte, sinceramente acho que o mais difícil é as pessoas não valorizarem a profissão do perfurador.

 

T. Angel: Além de modificar seus clientes, você também modificou o seu próprio corpo. O que você pode nos contar sobre isso?  Quais tipos de modificações corporais você já fez e o que tem atualmente?
Bianca Gattoni: Já tive diversas perfurações em praticamente todos os locais possíveis de se ter piercing, hoje já nem tantos, mas desde adolescente eu era fascinada por perfurações e como toda rebelde que se preze, muitas fiz em mim mesma, com sucessos e insucessos, mas hoje em dia possuo alguns piercing, muitas tattoos e um microdermal no rosto.

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bibi4(Bianca participou da primeira suspensão corporal de Hellmurto em 2001)

 

T. Angel:Além do piercing você trabalha com o Microdermal. Como tem sido a recepção do público com essa técnica?
Bianca Gattoni: O microdermal é uma técnica inovadora de piercing/implante que tem um grande potencial de sucesso. As pessoas se interessam bastante por saber como é colocado, e apesar de ser um procedimento simples, ainda existe um certo receio, mas acredito que com o tempo essa impressão mude, pois todo mundo que faz acaba adorando

T. Angel: O que você diria para quem pretende se tornar um body piercer?
Bianca Gattoni: Estudar muito e praticar muito, sempre procurar os melhores instrutores e obter boas referências. Sempre se atualizar e principalmente “cuidar” bem dos clientes antes, durante e após o atendimento, pois a excelência só se consegue com muita experiencia.

Se você quer fazer um body piercing ou microdermal com a Bianca Gattoni é só ir no Soul Tattoo.
CLIQUE AQUI para ver a galeria de trabalhos.

Soul Tattoo – Art e Café
R. Oscar Freire,2203 Pinheiros – São Paulo
(
011) 3063-3435
http://www.soultattoo.com.br

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