André Rodrigues, 31 anos, é um tatuador brasileiro que divide seu tempo e arte entre o Brasil e a Itália.
Acompanhem uma entrevista super bacana com o artista que nos fala sobre a tatuagem no Brasil, na Itália, convenções e muito mais!
Sem dúvida alguma, André Rodrigues nos motiva e inspira através de suas palavras e arte!
T. Angel: Antes de ser tatuador qual era sua profissão?
André Rodrigues: Antes de ser tatuador eu trabalhei com editoração gráfica e também fui professor de desenho por 12 anos.
Comecei numa pequena editora fazendo revistas impróprias para menores e, também revistas infantis! Paralelamente eu dava aula numa escola em Santo André, São Paulo.
T. Angel: Há quanto tempo tatua profissionalmente?
André Rodrigues: Estou nessa profissão há 6 anos, mas me considero mesmo da área há uns 3, 4 anos. Os dois primeiros anos foram mais para descobertas, não que hoje eu não precise dessas descobertas, mas os dois primeiros anos foram mais pesados.
Sempre pensava em desistir, mas segui em frente!
T. Angel: Você considera obrigatório o conhecimento em técnicas de desenho para se tornar um bom tatuador?
André Rodrigues: Então… Hoje eu sei que é!
Muitos tatuadores só sabem mesmo fazer o decalque e mais nada. Não sabem ou não querem ver que o desenho é fundamental e até facilita o trabalho do profissional.
Muita gente não liga.
Eu até hoje treino muito o desenho e sei que ainda falta muito que aprender.
T. Angel: Qual sua opinião sobre as convenções de tatuagem?
André Rodrigues: É difícil falar sobre convenções, até porque eu participei de algumas em vários estados do Brasil e tive a oportunidade de participar trabalhando na convenção de Roma.
No Brasil, eu vejo o pessoal querendo vender stands, independente pra quem seja. Querem vender!
Aqui em Roma eu vi tatuadores que eu sempre admirei trabalhando.
Quando penso em convenção, eu penso em poder ver quem eu admiro. Poder aprender vendo, trocando informações.
Convenção tem que ser pra isso: materiais bons, novos produtos, tatuadores fodas trampando e a gente aprendendo!
T. Angel: Quais os artistas que já passearam por sua pele?
André Rodrigues: Willian (Celtic Tattoo), Mauro Nunes (Tattoo You), Douglas Martins (Polaco Tattoo), Eduardo Theodoro (Polaco Tattoo), Teté (PMA), Posk (Buena Tinta), Spilo (Needles and Machine) e Mexinha .
T. Angel: Qual a parte mais prazerosa da profissão?
André Rodrigues: A mais prazerosa acho que é a pessoa olhar para o espelho e vir o sorriso junto! É ouvir o cliente falar que achou o resultado melhor do que imaginava.
A grana é conseqüência, se faz um bom trabalho, a grana vem junto!
T. Angel: Existe algum ponto negativo na profissão?
André Rodrigues: Tem muitos pontos negativos, porém, se você está nessa porque ama a profissão, os pontos negativos são pequenos!
Mas mesmo assim vou citar alguns: clientes que só querem saber do preço e não do trabalho; tatuadores despreparados que fecham costas inteiras; estúdios que fazem qualquer coisa a qualquer preço, não se importando com a qualidade; sindicato que levanta bandeira, conquista novos associados com promessas de uma regulamentação para a profissão, mas deixam crescer o numero de tatuadores sem noção por todo o Brasil e ainda não sabem dar informações necessárias para uma profissionalização do segmento, ou seja, falta apoio, ficando tudo na teoria, mas na prática, ainda não funciona.
Mas isso é tudo muito pequeno pra quem realmente ama o que faz!
T. Angel: Hoje você é um dos grandes nomes da tatuagem no estilo New School, conte-nos um pouco sobre seus contatos com esse estilo e como foi se solidificar nele?
André Rodrigues: Noossa! Quando penso na Palavra “NEW SCHOOL”, eu tenho uma outra idéia.
Acho que New School na verdade é toda uma “safra” de tatuadores e não de estilo. Hoje temos tatuadores que fazem Oriental, Old, Comics e etc, que são pra mim da Nova Escola de Tatuadores.
O estilo colorido chamado de New School aconteceu sem-querer mesmo!
Eu não gostava quando comecei a tatuar. Na verdade pra mim naquela época, só quem fazia algo como realismo é que era o foda!
Com o tempo fui fazendo pra um e pra outro desenhos mais coloridos e com distorções. Fui pegando gosto por esse estilo. Aos poucos fui conhecendo cada estilo… e hoje, todos os estilos são muito fodas!
Admiro quem sabe fazer um estilo único e bem feito, mas sempre coloquei na cabeça uma coisa: faça UM estilo, mas faça bem feito!
Fui estudando esse estilo (como faço até hoje) e tentando melhorar a cada desenho, a cada tattoo.
Fico horas na internet pesquisando sites de tattoos, desenhos, compro livros e sempre estudando e pesquisando mais e mais!
T. Angel: Suas influências?
André Rodrigues: Minhas influências são tantas…
Tatuadores brasileiros, estrangeiros, desenhistas de HQ, pintores, musicas, vídeo clipes, fotografia, lendas, estórias… Tudo pode virar influências!
Folheio jornais, revistas, tudo que vejo eu tiro algum proveito.
T. Angel: O que te agrada musicalmente?
André Rodrigues: Musicalmente, acho que depende do meu humor, do que estou criando, tatuando!
As vezes curto algo mais pesado, um hardcore mais violento e, as vezes eu estou querendo ouvir músicas brasileiras, MPB…
De um tempo pra cá, muito Budha-Bar…
Depende realmente do que estou fazendo!
T. Angel: Quais as principais características que um bom tatuador deve ter?
André Rodrigues: O bom tatuador (na minha opinião), precisa saber desenhar o básico, deve saber regras de cores, luz e sombra, proporção e, além de tudo isso, ter consciência de que sempre tem o que aprender!
Tem muita gente que para no tempo porque acha que já sabe tudo e não precisa de mais nada. Não precisa mais evoluir!
É só ver os melhores tatuadores, ver como eles aprenderam.
É tentar se inspirar nos melhores pra poder evoluir!
T. Angel: Como é o consumo da tatuagem em terras italianas?
André Rodrigues: Aqui na Itália o pessoal está começando ainda.
Começando que eu digo é essa explosão que teve no Brasil, faz uns 5, 6 anos que o povo começou realmente a se tatuar.
Ainda estão engatinhando comparado com nó, brasileiros!
Claro que tem os que tatuam há mais de 10, 15 anos, mas são pouquíssimos!
Aqui o costume ainda é fazer letrinhas, borboletas, frases, nomes, uma flor, de vez em quando um dragão…. bem diferente do Brasil!
T. Angel: Qual sua visão sobre o cenário da tatuagem no Brasil?
André Rodrigues: No Brasil a demanda de tatuadores é imensa e é uma demanda muito boa.
Claro que temos milhares que só atrapalham, mas, os que estão querendo realmente fazer a coisa certa, estão provando que tem qualidade e seriedade.
Os tatuadores estão se informando mais, aprendendo mais.
Já os clientes devem ser educados pelos próprios tatuadores. Eles têm que saber que o que vai ficar no corpo dele é para Sempre. Então, a qualidade deve ser no mínimo boa! Devem respeitar a opinião do artista.
Acho realmente que no Brasil, apesar do descambo de muitos tatuadores, a qualidade no é melhor que a de muitos países.
A nossa cabeça está mais avançada para tattoo do que muitos países!
T. Angel: Além do Brasil e da Itália, quais outros países você já deixou sua marca?
André Rodrigues: Já tive vários convites de estúdios de outros países mas, só no Brasil e Itália por enquanto eu tatuei.
Tenho planos pra outros países da Europa mesmo. Para quem está na Itália, entrar em outro país é apenas um trem!
T. Angel: Quais as dificuldades que você encontrou ao longo de sua carreira?
André Rodrigues: Falta de informação é um dos piores pontos.
Mas muitas vezes, não porque o tatuador não queria me passar, mas por falta de tal conhecimento mesmo, das limitações.
Eu sempre curti correr atrás das informações. Quando via uma tatuagem muito boa, queria saber logo como o tatuador fez aquilo.
Pra mim, o importante era saber como foi feito e como ficaria depois de cicatrizado.
O resultado depois de tudo é tão importante quanto tatuar.
Material já era fácil de encontrar, mas com certeza, a falta de informação foi o mais foda.
T. Angel: Quais estúdios você já trabalhou em SP?
André Rodrigues: Só trabalhei em 2 estúdios, sendo que o que eu fiquei mais tempo foi no Polaco Tattoo, uma grande escola pra mim, com certeza.
T. Angel: Atualmente fica em qual quando vem para cá?
André Rodrigues: Estou estudando isso ainda. Tenho convites de vários estúdios, mas tenho que ver qual será melhor pra atender a minha clientela, em facilidade de chegar, essas coisas. Até porque tenho clientes de outras cidades e estados, tenho que facilitar
a vida deles também.
T. Angel: Qual o seu recado para quem pretende ser um tatuador?
André Rodrigues: Meu recado é de um amigo que quer ver todos evoluindo na profissão, não fazendo besteiras.
Estude desenho! Isso é a base pra melhorar muuuuito na profissão.
Também estude tatuagem, traços, pigmentação, máquinas, agulhas, quanto mais aprender melhor é.
Vamos evoluir 1% por dia, já está ótimo!
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2 thoughts on “André Rodrigues: talento em constante progresso!”